Um novo dilema vem preocupando as empresas aéreas brasileiras, e seus executivos vem quebrando a cabeça no período pós covid: como mudar a tendência do passageiro que se afastou do avião por conta da pandemia e não está voltando a voar. Isto está ocorrendo nas viagens corporativas, que no primeiro semestre deste ano apresentaram uma diminuição de 30% quando comparadas com o segundo semestre de 2019. Em volume de faturamento, isso significa uma queda de 11% de dinheiro no caixa de suas empresas. A perca não foi maior por causa dos preços altamente majorados que as empresas de aviação aplicaram em suas tarifas, mas que tende a afastar os passageiros.
Uma viagem entre São Paulo e Santa Maria, no Rio Grande do Sul, custava em torno de R$ 800,00 em meados de 2019. Hoje, custa R$ 2.300,00. Na ponte aérea São Paulo-Rio saltou de R$ 800,00 para R$ 1.600,00. Em alguns trechos para o Nordeste, as empresas eliminaram um grande número de viagens com escalas, através de HUBs, estabelecendo voos diretos, com tarifas aumentadas em 300%. A expectativa de uma recuperação notada no primeiro trimestre de 2022 transformou-se em decepção. As pontes aéreas São Paulo-Rio e São Paulo-Brasília, entre os destinos mais demandados, sofreram uma queda no número de passageiros. O crescimento no número de viagens, promissor no primeiro trimestre deste ano pela diminuição da pandemia, perdeu a intensidade esperada. O primeiro semestre deste ano registrou vendas de R$ 5,780 milhões, resultado 11% abaixo do período igual de 2019.
O vilão já foi identificado: a movimentação de executivos para reuniões de seus estafes foi substituída por reuniões online, exigência das medidas sanitárias. As viagens corporativas desabaram, e no fim da pandemia e do isolamento sanitário, as empresas que as pagavam descobriram que reunião online parece mais produtiva e representa uma enorme economia de recursos. E essa tendência está se consolidando no mercado de aviação comercial mundial. A abstenção nas viagens corporativas significa agora um corte de 60% nos custos de viagens aéreas, às quais se somam custos de hotelaria, transporte terrestre associado e alimentação.
Enquanto as aéreas não encontram uma saída, cresce extraordinariamente o uso da tecnologia da informação para não deixar cair a peteca de seus clientes corporativos. Quase que dobrou o treinamento do ensino da Internet, aumentam os postos de trabalho no setor de informática e as vendas de celulares estão explodindo em níveis extraordinários. Além dos custos de equipamentos na informatização subirem bem acima do esperado, os fabricantes de celulares tentam separar a venda de um celular de seu carregador, criando uma venda casada.
E o consumidor é quem vai pagar o pato.
Hélcio Estrella
Ex Presidente Nacional da Abrajet, Ex presidente da Abrajet São Paulo Diretor e colunista
Rrevista financeira Banco Hoje.
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