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Fatos


O Nome do Menino

Em novembro de 1945, o jovem paraibano de 15 anos, Severino Dias de Oliveira, foi fazer um teste para se apresentar no programa de calouros da Rádio Clube de Pernambuco. O rapaz que impressionava desde os 8 anos pela habilidade na sanfona, saíra de Itabaiana para tentar a vida artística em João Pessoa. Não deu certo e seguiu para Recife, onde morava um primo.

“Quer tocar uma coisinha pra mim agora?”, perguntou o compositor Nelson Ferreira, diretor musical da rádio. “Quero”, respondeu, já começando um xote. Ao término, Ferreira, também pianista e regente, arregalou os olhos, deslumbrado com o que ouviu. Não o colocaria nos calouros, mas seria logo contratado.

Entusiasmado com a descoberta pegou o telefone: “Ô, Maria, vem ver uma coisa! Vem ver esse menino que chegou!”. Minutos depois entra o compositor e cronista Antônio Maria, redator do programa. Quando pediram ao rapaz para tocar novamente, surpreendentemente saiu “Tico-tico no fubá”, de Zequinha de Abreu. Maravilhados e incrédulos pediram mais uma, e ouviram a valsa “Silêncio”, do próprio Nelson Ferreira, que emocionado abraçou o prodígio.

- Você que fazer um programa aqui amanhã?

- Faço, oxe, faço tudo! – Respondeu, sem tirar o instrumento pesado do colo.

No dia seguinte, com uma roupa bem engomada e sapato lustrado, Severino chegou merecidamente feliz para o primeiro dia como músico profissional. Ferreira, vendo-o colocar a sanfona, aproximou-se:

- Temos aqui um problema que precisamos resolver. O seu nome é de firma comercial de interior... não dá. Vamos simplificar e usar um nome só. Que tal Sivuca?

- Está bom, maestro, está bom – concordou, tranquilamente, como se o novo nome sempre estivera nele.

No seu fole com os acordes do choro e música clássica ao frevo e xote, do forró e baião ao blues e jazz, do auditório da Rádio Clube ao palco do Olympia de Paris, Sivuca encantava a plateia em cada apresentação.

No final da noite de 14 de dezembro de 2006, uma quinta-feira como hoje, o compositor faleceu aos 76 anos em um hospital em João Pessoa, onde estava tratando de um câncer na laringe.

Nas feiras de mangaios da música brasileira continua, o sanfoneiro Sivuca fazendo floreio para a gente dançar.






Fernando Duarte

Jornalista - Membro do Conselho da Abrajet Nacional

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