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Foto do escritorRevista de Turismo PB

BAHIA de tantos ícones e quantas histórias


Algumas interessantes

excentricidades


lCarlos Casaes e Carla Maria


Como sempre ocorre com as novidades, o povão também apelidou aquele instrumento curioso como Parafuso, denominação com a qual era conhecido pelo vulgo. E o apelidaram por confrontarem com uma peça em espiral que era que impulsionava as duas cabines.

No começo do seu funcionamento, cada uma das duas únicas cabines comportava 20 pessoas. No entanto, uma outra curiosidade era que todos os seus usuários teriam que, ao se candidatar a ser transportado pelo elevador, ser convenientemente pesado, como condição irrecorrível para poder utilizá-lo.

A exigência foi tão curiosa que, sobre ela, o cidadão conhecido no Estado como Barão de Jeremoabo – na realidade Cícero Dantas (antecessor do ex-Deputado Federal e ex-Secretário da Fazenda, João da Costa Pinto Dantas Junior, bem assim do seu filho, ex-Deputado Estadual João Carlos Tourinho Danas) – um dos mais destacados latifundiários de todo o Nordeste, então, que viveu entre 1838 e 1903, deixou-nos uma pérola de manifestação:

“Em 16 de março de 1889, pesamo-nos no elevador, dando o seguinte resultado: Pinho – 54 quilos, ou 3 arrobas e 98 libras; Cícero – 61 quilos, ou 4 arrobas e 2 libras; Guimarães- 65 quilos, ou 4 arrobas e 10 libras; Artur Rios – 73 quilos ou 4 arrobas e 26 libras; e Vaz Ferreira – 115 quilos, ou 7 arrobas e 20 libras.”


Sem dúvidas, uma monumental obra

Na sua origem, aquela construção denunciava 63 metros de altura, mas apenas uma torre de pedra que fora inserida na própria montanha que constituía a denominada Ladeira da Montanha. Contudo, aquela iniciativa não foi pacificamente aceita pela população da cidade. Mas foi alvo de muitas críticas. Especialmente os estrangeiros eram os que lhe destinavam restrições. E alegavam o fato de utilizar muito pouco ferro porquanto, àquela altura, o seu uso era considerado como um próprio símbolo da modernidade.

A verdade é que, até alcançar a sua constituição atual, o Elevador Lacerda foi objeto de uma série de modificações, ou reformas. Sendo que já em 1906 foi alvo de uma introdução indiscutivelmente da modernidade, porque passou a ser operado como instrumento conduzido pela eletricidade. Por conta disto a sua base foi, inclusive, alargada.

No entanto, a alteração que mais lhe marcou a sua autenticidade atual somente ocorreu em 1930. Conquanto o seu planejamento transcorresse entre 1927 e 1928, e ocorreu pela interferência dos arquitetos Fleming Thiesen e Adalberto Szilard, com o apoio da empresa norte-americana Otis Company. Por sinal, até hoje é quem, tecnicamente, o administra.


Então, ocorreu a ideia de lhe ser anexada uma torre nova na qual funcionassem duas outras cabines em cada piso. Até mesmo com a substituição das duas anteriores por novos e mais atualizados modelos, que lhe seriam mais uteis. Foi quando foi erguida uma ponte de aço e concreto destinada a conectar toda a estrutura, ou seja, as duas antigas cabines do térreo e as duas da parte de cima, às quatro novas inserias na torre projetada, bem afastada da montanha. Por conta do que, diante daquela alteração, a sua altura alcançou o nível de novos 72 metros.

Com aquela repaginação, o elevador conquistou, entre os novos elementos que lhe foram introduzidos, o estilo art déco, através das novas pilastra e dos vãos finos que ganharam as torres.

Por ele passam quase todos os soteropolitanos

Ainda na decorrência do ano de 1930, quando aconteceu a sua definitiva reforma, a empresa responsável pelas obras, a norte-americana Otis, divulgou de que no primeiro dia da sua reinauguração, o elevador havia transportado 24 mil passageiros.

A partir de então, o seu funcionamento extremamente popularizado, fez elevar a quantidade dos seus usuários, alcançando os 28 mil passageiros. E isto ocorre diariamente, a partir das 6 horas da manhã e até as 22 horas da noite. Atualmente, a tarifa que é cobrada por passageiro está em apenas R$0,15, exatamente: quinze centavos. E outra curiosidade é que as cabines conduzem os seus passageiros de um plano a outro por apenas 22 segundos.

Por curioso, em fins de 1860, eram os bondes movidos a tração animal que obtinham a concessão pública das inúmeras empresas que operavam nessa área, como o transporte urbano tanto na Cidade Alta como na Cidade Baixa. No entanto, depois de decorrido praticamente um século e meio, é o Elevador Lacerda que prossegue como um dos mais utilizados meios de transporte no cotidiano da cidade. Ao lado disto, constitui-se num dos mais importantes cartões-postais da capital baiana.



Já é “Patrimônio Nacional”

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN – concedeu-lhe a condição de tombado na qualidade de “Patrimônio Nacional”, o que ocorreu, na realidade, em 2006. E é de se ver que é da sua altura, desde a Praça Tomé de Souza, que possibilita que o seu usuário, ou mesmo qualquer citadino soteropolitano ou visitante, possa vislumbrar a beleza da paisagem que é oferecida pela Baía de Todos os Santos. Com uma amplitude que persegue desde o porto de Salvador, incluindo todo o interior da baía, capitaneado pela Ilha de Itaparica. No entanto, o deslumbramento paisagístico só pode ocorrer no transcurso da passarela entre as quatro cabines, ou mesmo desde a sua lateral na Praça Tomé de Souza. Porquanto não há condição de visibilidade de dentro das cabines.

Mas ainda existem muitas outras curiosidades sobre o Elevador Lacerda. Desde a que mostra ter sido a sua importância cunhada em uma moeda, o que aconteceu no ano de 2015. Numa das faces da moeda, que é comemorativa de Salvador, o Banco Central registrou um plano da imagem do famoso elevador.






Carlos Casaes

Jornalista

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