Embora figure entre as principais atividades econômicas no mundo, em geral nos países ricos e no Brasil também, onde ocupa lugar entre as 10 principais atividades do seu PIB, podemos estar em uma recaída de uma doença aparentemente superada, aquela que considerava a indústria turística “coisa de rico”.
É o que se pode deduzir com a investida do Tesouro nacional sobre o caixa das empresas que operam nesse setor, ao estabelecerem uma alíquota de 25% incidente sobre seu trabalho.
Como coisa de rico, o turismo foi classificado anos atrás pelo ex-governador carioca Sergio Cabral Filho, ao criticar o aeroporto Santos Dumont, chamando-o de “uma grande rodoviária”, referindo-se a um lugar pobre e sem expressão econômica, esquecendo-se de que as estações rodoviárias, ao lado das estações hidroviárias e das estações ferroviárias mostram a pujança do trabalho no país. Ele refletia um sentimento de pequena elite que gostaria de ver os aeroportos frequentados, como nos anos 50 do século passado, por viajantes de fraque e cartola e as mulheres cobertas de vison, enriquecida sua rica aparência por perfume francês, e não por um Royal Briar qualquer. Este poderia ser aspirado por quem frequentasse rodoviárias e locais similares de transporte de massas.
Quando se analisa com cuidado a importância que o turismo representa para a vida moderna, no seu papel no desenvolvimento social, estendendo às domésticas, às cabelereiras e trabalhadores de menor renda o direito de desfrutar das delícias de uma calle Flórida, da maravilha de assistir patinação no gelo no Central Park ou mesmo deliciar suas crianças nos encantos da Disney em Orlando, ficamos triste quando uma autoridade defende a “taxação da elite”. Lamentável que uma das mais democráticas atividades econômicas seja tratada dessa forma. Pra que Disney para pobre? Daqui a pouco, vamos baixar uma lei que obrigue os passageiros de avião a usarem seus melhores costumes e os melhores perfumes internacionais. E estimularmos passeatas em aeroportos com cartazes: pobres, go to bus station!
Hélcio Estrella
Ex Presidente Nacional da Abrajet, Ex presidente da Abrajet São Paulo Diretor e colunista.
Rrevista financeira Banco Hoje.
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