Quando quase todos esperavam que o Ano Novo fizesse refluir a pandemia COVID 19, perplexos assistimos a meia volta que ela deu, voltando reforçada acompanhada de uma parceira também ameaçadora, a influenza.
Quando as luzes do Natal chegaram às casas e antes que espocassem os fogos de artifício para que se desse adeus a 2021, as notícias, contrariando as expectativas, não eram das melhores. Além da recaída da COVID, agora rebatizada pelo nome grego – com ares pernósticos, mas elegante – de Omicron, turbinada por um crescimento de 92% nas taxas de infecção, grande era o número de empresas que sentiam em suas operações os efeitos nocivos de uma pandemia em duplicata.
O sistema de home office que divide o mundo em dois, serviu em parte para evitar o caos na produção econômica do mundo, mas grande parte das empresas industriais não puderam adota-lo, peculiaridades na sua forma de produção continuaram a exigir trabalho com presença física, mesmo naquelas em que de seus operários se exige diploma universitário, em particular nas áreas de engenharia e física.
No caso do turismo a situação apresentou-se de forma mais dramática, exigindo presença física de seus participantes. Em empresas de serviços o home office pode ser praticado em algumas áreas, como nos bancos, que puderam preservar parte de seus trabalhadores do contato com o público. Mas na maioria dos casos isso não foi possível, como nos setores de transporte aéreo, naval e rodoviário, na indústria hoteleira e em outros, onde o turismo quase parou no mundo.
Uma coisa chama a atenção, mesmo dos mais desavisados: este ano será vital para o Brasil, com as eleições majoritárias em outubro. Pelo quadro pintado até agora, poderemos ter eleições com candidatos sem programas, com posições marcadas por ataques pessoais e fortes ressentimentos políticos-ideológicos, este ano mais turbinadas pelo papel preponderante que assumiram na sociedade brasileira as chamadas mídias eletrônicas. É bom lembrar que se trata de problema universal.
Para não nos alongarmos, tomemos o caso do tenista sérvio, campeão mundial em sua categoria, proibido de ingressar na Austrália por não ser vacinado contra a COVID. Contrariando o bom senso, o Presidente da Sérvia classificou a proibição de perseguição política um ato puramente de política de saúde, que qualquer país tem o direito de ter para preservar sua população de contágios do exterior. Isso mostra como a temperatura política anda alta no mundo.
E isso é ruim mesmo para a retomada, tão esperada, das atividades do turismo.
Hélcio Estrella
Ex Presidente Nacional da Abrajet, Ex presidente da Abrajet São Paulo Diretor e colunista ·
Rrevista financeira Banco Hoje.
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